domingo, 19 de maio de 2013

UNIDADE 3: BRINCAR NA ESCOLA.




Não basta só reservar um tempo para as crianças se divertirem.
É preciso organizar momentos de pesquisa e de sistematização
Bianca Bibiano – bianca.bibiano@abril.com.br


Você bem sabe que, quando convida as crianças para pular corda, fazer uma ciranda, pular amarelinha ou qualquer atividade lúdica, não precisa perguntar duas vezes: a adesão é imediata. Elas também costumam tomar a iniciativa, ora inventando brincadeiras, ora reproduzindo o que já aprenderam com colegas e familiares. No entanto, será que, na escola, esse livre brincar basta?
Essa é uma dúvida comum na Educação Infantil e importante para impulsionar e aperfeiçoar a prática afinal, propostas curriculares de qualidade deixam bastante claro que brincar é uma aprendizagem social, um conteúdo a ser trabalhado de maneira intencional para ampliar o repertório cultural da turma.
Isso significa, por exemplo, investir para que os pequenos se apropriem das brincadeiras que seus pais e avós vivenciaram na infância e de jogos.
Cabem ao educador os espaços e proporcionar momentos para que a meninada possa apreciar e experimentar.
Trabalhar assim também é uma forma de manter aceso o interesse das crianças por desafios: se as brincadeiras são sempre realizadas de maneira igual, com as mesmas regras, elas acabam não encontrando desafios a superar e as propostas aparentemente divertidas passam a ser verdadeiras rotinas desinteressantes e até mesmo entediantes.
Todas as brincadeiras que o grupo já conhecem podem ser alvo desse processo mais consciente, com direito a pesquisa, vivência e sistematização. Por que isso ocorra, o educador tem de incrementar a experiência – por exemplo, propor aos pequenos investigar novos traços para o percurso da amarelinha e percorrê-los. E o trabalho não pode parar por ai: novidades devem ser exploradas nessa perspectiva de enriquecimento também.
No entanto, isso não significa que os momentos livres do brincar devem ser deixados de lado em prol apenas de atividades sistematizadas. Intercalar os dois momentos é o caminho mais adequado. Caso contrário, a brincadeira fica escolarizada, o que não faz sentido. Os períodos sem intervenção direta do educador são necessários e permitem fazer diagnósticos e planejamento de intervenções posteriores.
Confira as três situações para fazer de uma aprendizagem verdadeira e útil para a meninada da pré-escola.

PESQUISA: Momento em que as crianças conhecem outras brincadeiras ou descobrem a história e as distintas formas de realizar as diversões de que já desfrutam. É papel do educador agir como mediador, convidando todos á investigação. Aproveite a curiosidade dos pequenos e incentive-os na busca sobre a origem da brincadeira em questão, as questões culturais relacionadas a ela etc. Nesse processo, livros, vídeos, fotografias e sites são grandes aliados, mas também vale estender os horizontes com visitas a museus, parques e até á residência das crianças, onde familiares podem ajudar com as próprias experiências. Durante a investigação, é importante realizar conversas constantes com a turma, questionando o que já foi encontrado, quais informações mais chamaram a atenção e também quais as relações entre a novidade e o que já se sabe. 


 


Atividade - Pesquisa
Objetivo:
- Ampliar o repertório de brincadeiras tradicionais de pegar.

Material Necessário:
- Livros sobre as brincadeiras de pegar.

Desenvolvimento:

- Conserve com os pequenos sobre as brincadeiras de pegar que eles conhecem e convide-os a conhecer outras, consultando livros e o site recomendando. Acompanhe o momento, ajudando a turma a manejar o material e a navegar no site. Destaque o
Importância de buscar dados históricos e culturais sobre a diversão. Peça também que conversem com os familiares para descobrir outras regras e nomes da brincadeiras: eles podem mandar bilhetes. Para socializar as informações, reúna a turma e convide o grupo a comparar as novidades com as brincadeiras já conhecidas.
Quais as diferenças? Alguma novidade é parecida com as brincadeiras realizadas? Como são as regras? 

Avaliação:
- Observe se as crianças estabelecem relações entre as brincadeiras novas e as já conhecidas.





EXPERIMENTAÇÃO: Hora da vivência, do brincar propriamente dito, incorporado as novidades aprendidas com a pesquisa. Diante de novas regras ou novas maneiras de movimentar o corpo ou de falar, por exemplo, os pequenos são estimulados a comparar atentamente o que pesquisaram com a prática e também a perceber as dificuldades e as relações com outras brincadeiras conhecidas. É importante que isso seja feito em ocasiões próximas á atividade anterior para que o tema não fique perdido e descontextualizado. Nessa situação, você precisa proporcionar espaço e materiais – sem restringir as ações e a criatividade das crianças.
O Importante é garantir que todos tenham recursos para explorar. “É papel do educador observar se as referências pesquisadas foram incorporadas, ainda que de forma adaptada. Se a turma insistir em brincar com o que já conhece, por exemplo, vale remeter novamente á pesquisa, citar os pontos descobertos e convidar á experiência. É muito interessante perceber que, durante a vivência, os pequenos nem sempre se contentam com as regras que já conhecem, somadas ás que pesquisaram e inventam muitas outras mais.


Lembrete 2
(Leia o quadro abaixo que pode ser trabalhado em sala de aula)

Atividade - Experimentação
Objetivo:
- Experimentar diferentes brincadeiras com corda.

Material Necessário:
- Cordas de tamanhos variados.
Desenvolvimento:
- Proponha que a turma vivencie várias maneiras de pular corda: Uma criança por vez, em dupla e em trios. Também é
possível brincar diversificando as regras, como pular ao ritmo de uma parlenda ou pular tocando a mão no chão.

Converse com o grupo sobre outras brincadeiras que podem ser realizadas com o objetivo: Chicote queimado(Uma criança gira a corda rente ao chão e as demais pulam), aumenta-aumenta (duas seguram as pontas da corda e vão levantando gradativamente para que as outras saltem), e cabo de guerra.

Avaliação:
-.Observe se a turma aprimora e diversifica o brincar com autonomia a partir de então. Observe se a adaptação das regras se dá em função das dificuldades que surgem ou porque o grupo não compreendeu a brincadeira nova.
Nesse caso, converse com as crianças novamente.


REPRESENTAÇÃO: Situação na qual a criança sistematiza aquilo que pesquisou e vivenciou, desenhando, participando de rodas de conversa ou elaborando textos, coletivos tendo o educador como escriba, entre outras possibilidades. É o momento de observar se todo o processo foi realmente compreendido, se é preciso retomar alguma situação ou ainda se é valido dar continuidade a mais pesquisas e vivenciais. É importante destacar que esse momento não pode ser considerado o foco principal do trabalho: a finalidade não é fazer um desenho depois, por exemplo. O que vale é compreender que as representações servem para formalizar o aprendizado. Muito dedicados a brincar de jogar futebol, os pequenos do Núcleo de Educação da Infância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte ( UFRN ) foram convidados a elaborar um texto coletivo e ilustrar o material, revelando o que sabiam. “ As produções mostraram que eles conheciam muito sobre as posições dos jogadores no campo e as regras do jogo”, é fundamental combinar a especificidade da brincadeira com o tipo de representação proposto. Ou seja, a passagem de uma linguagem a outra. Desenhar como se pula amarelinha, por exemplo, não é a melhor maneira de demonstrar como, de fato, isso é feito. Essa linguagem não garante que o conteúdo seja bem explicado. “ O desenho, nesse caso, tem apenas caráter estético – é somente um apoio gráfico -, que não necessariamente ajuda a criança a pensar e transmitir o que ela experimentou”. Uma opção mais eficiente é pedir ás crianças que ensinem aos colegas de outra turma o que aprenderam. Nesse momento, sim, o desenho pode ser útil. A elaboração de textos coletivos também requer cuidados. A atividade precisa ser dirigida. Perguntas do tipo “ Como vocês brincam?”,” O que perceberam de diferente?” e “ Alteraram alguma regra? Por quê?” servem para dar início ás conversas e reunir informações para a produção.

Lembrete 3

(Leia o quadro abaixo que pode ser trabalhado em sala de aula)

Atividade - Representação
Objetivo:
- Sistematizar os estudos sobre futebol.

Material Necessário:
- Computador, folhas de sulfite, lápis grafite e lápis de cor.

Desenvolvimento:
- Convide as crianças a registrar o que foi estudado e vivenciado sobre o futebol. Converse com elas sobre o que aprenderam até então: Como surgiu o futebol, quais as diferenças entre o jogo
Profissional e o amador são questões que podem direcionar a conversa. Organize um texto coletivo, atuando como escriba. Convide o grupo para revisar. Digite o texto final, imprima e distribua cópias para que os pequenos façam ilustrações, relacionando com o que foi escrito.

Avaliação:
- Com os textos ilustrados em mãos, verifique se as crianças conseguem expressar as informações escritas.
- Em relação ao texto, observe se termos técnicos, como passar a bola, drible, falta, escanteio e lateral, aparecem.




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